À medida que envelhecemos, é comum notarmos um declínio na memória. No entanto, um grupo de indivíduos desafia essa norma: os "superidosos". São pessoas com mais de 80 anos cuja memória é tão afiada, ou até mais, do que a de alguém entre 50 e 60 anos.
A Dra. Tamar Gefen, da Northwestern University (EUA), estuda esse fenômeno há 25 anos. Apesar do grande número de candidatos, menos de 10% se qualificam para a pesquisa, que já analisou cerca de 300 superidosos. Muitos deles doaram seus cérebros, o que permitiu descobertas relevantes.
O que torna esses cérebros tão especiais? A ciência identificou diferenciais em relação à arquitetura neuronal deles. O córtex entorrinal, uma área vital para a memória e o aprendizado, contém neurônios que são não apenas maiores e mais bem preservados do que os de seus pares da mesma idade, mas também superam os de adultos jovens. O córtex cingulado, relacionado à atenção, é mais espesso, e o hipocampo, ligado à memória, tem três vezes menos emaranhados da proteína tau, um dos principais indicadores da doença de Alzheimer. Além disso, o sistema colinérgico, responsável pela sustentação da atenção, parece ser mais forte e flexível.
Esses cérebros também exibem uma notável resistência à inflamação. A pesquisa revelou que os Superidosos têm menos micróglias ativadas (as células imunológicas do cérebro) mantendo níveis comparáveis aos de pessoas entre 30 e 50 anos. Curiosamente, embora o estilo de vida varie bastante nesse grupo, um traço comum é o forte senso de autonomia e independência.
Agora, as pesquisas se aprofundam na genética, procurando por genes ligados à longevidade e à proteção neuronal. O estudo desses cérebros resilientes pode ser a chave para desvendar novas estratégias de prevenção e tratamento de doenças neurodegenerativas no futuro.
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