Um estudo divulgado recentemente aponta que o tratamento precoce da perda auditiva pode ser um fator crucial para reduzir a incidência de demência

A pesquisa acompanhou os dados de duas gerações do Framingham Heart Study, um levantamento que começou na década de 1940 e se tornou referência em saúde do coração e do cérebro. O estudo analisou 2.953 adultos com mais de 60 anos, que realizaram exames de audição em duas etapas: entre 1977-1979 e de 1995-1998. Ninguém tinha demência no início do acompanhamento, que se estendeu por até 20 anos.

Os participantes com menos de 70 anos que usavam aparelhos auditivos apresentaram uma redução de 61% no risco de desenvolver demência. Essa diminuição foi muito mais expressiva do que a observada em indivíduos da mesma faixa etária sem perda auditiva, que também tiveram uma redução de 29% no risco. Para pessoas acima dos 70 anos, a pesquisa não encontrou uma associação estatisticamente relevante.

Os achados estão em consonância com outras pesquisas. Tratar a perda auditiva antes dos 70 anos pode prevenir anos de sobrecarga cognitiva, uma das principais hipóteses que ligam audição e saúde cerebral. Outros fatores, como o isolamento social e questões biológicas, também podem ser atenuados com o uso de aparelhos auditivos.

Apesar dos resultados do estudo, existe um desafio de saúde pública: apenas cerca de 17% das pessoas com perda auditiva moderada a grave utilizam aparelhos auditivos. 

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